Fito
ininterruptamente a xícara com o café ainda muito quente. Dois cigarros ainda
restam no maço. Sem hesitar acendo um dos cigarros e uma forte sensação de
devaneio percorre essa minha malícia frustrada das manhãs de domingo. E ao
ponto de não entender os passos – o caminho percorrido secretamente pela minha
perdida imaginação – ouço o canto permanente dos pássaros. Os pássaros que
canta suave o raiar do dia. Não compreendendo o meu estado físico e, meio
moribundo, de uma manhã de domingo impregnada pela neblina seca, que cobre tudo
lá fora. Ouço em silêncio o canto dos pássaros, e a batida muito lenta do meu
coração. Eu estou cansado, talvez mais cansado do que estava há alguns minutos
atrás. Não consegui dormi nas últimas 19 horas seguidas. Ontem o dia passou
sonolento e pesado. A noite adentrara suave e muito nítida em meu âmago
sossegado, e tímido. O que resta para mim nesta manhã solitária é essa imagem
seca da neblina encobrindo tudo. O dia parece que será tácito e, o meu instinto
rotineiro busca um plano perfeito para compreender a alma do universo
estabelecido na natureza humana que há nas coisas. Não sinto o vento correr.
Tudo está pálido e parado lá fora. Ainda agora o perfume da morte ventilara nos
ares secretos do meu quarto. Quão tola minha existência, pois que até a morte a
ignora. Acho que finalmente vou dormir, mas antes fumarei o último cigarro, e
tomarei o café, que está na xícara.
® Thiago França Bento.
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