Ergui-me
sonolento. Ouço o cachorro anunciar, com um choro lamentável, a chegada
silenciosa de quem nunca repartiu nada comigo. Fui até ao banheiro, ergui a
tampa do vaso para urinar. Geralmente não preciso levantar a tampa do vaso para
usá-lo, ela sempre está erguida. De fora do banheiro sinto-me observado. O som
quer sair, mas o silêncio ganha, o silêncio sempre ganha. Eram dez horas da
manhã. O telefone toca. Apresso-me para atendê-lo. – Alo? – não é aqui não,
senhora, é engano. Era engando, toda vez é engano. A perda considerável de
expectativas vem crescendo, no entanto o meu comportamento tem sido verdadeiro.
Meu sentimento, vez e outra, quer ser o motivo para justificar o fato de eu não
sentir o gosto do café na minha boca.
®
Thiago França Bento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário