Embora
eu esteja só começando minha caminhada pela vida eu estou tão cansado que esse
começo tem vestígios do fim. É como a mudança dramática da cor viva de um
camaleão perdendo o lúdico a fé, e a esperança. O acumulo paradoxo nos 23 anos
de idade, sem culpa nem remorso. São muitos personagens no inconsciente turvo
do dia em desatino; eu sou como um conjunto de livros guardados na gaveta de um
armário, esquecido há tempo. Eu trabalho o cansaço que tenho na ideia, na
constante chuva fina que cai sobre os meus ombros. Eu estou mais encharcado como
nunca fiquei estado antes. É a vida em seu ensaio rustico fodendo os meios
cognatos. O sono dos dias provocando ruídos, eu não sei se sinto ou se ouço
essa música gravada somente na memória dura dos meus medos. A cor ainda rubra
das cicatrizes marcadas na minha pele crua – nula – gritando o alfabeto da
minha alma nua. Tudo é como um rio que passa no seu sentido peregrino coletando
sonhos, que é a crença inventada do sono. Curtindo solenemente a investida do
tempo, sussurro os verbos recorrentes a essa caminhada enfastiada de prosa, e
sedenta pelo alivio da chegada. Eu tenho razão eu estou cheio de razão, e a
razão é uma flor nascida clandestina em meu peito fechado e esquecido. A pétala
superior da consciência guardada em meu leito celeste, seu aroma semeia um
perfume angelical, um perfume vernal, que preenche a aurora do meu jardim
juvenil, a flor é a estação universal do meu corpo. Mesmo que eu esteja só
começando a rotina dos meus dias, a mão pesada da realidade cai sobre minha
cabeça, e nesses dias sem consolo, tudo vai perdendo o encanto no fundo dos
meus olhos entreabertos – pesados – por conta do delírio contínuo que trago
comigo. Eu estou concentrado na sobrevivência. Eu estou indo de encontro ao
futuro esticado em um horizonte marcado para ter um fim. E por falar em fim, eu
termino aqui o fado entediado de enfeitar aniversários.
®
Thiago França Bento/Para o dia 09, de todo Dezembro.
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