Quando
enfim o frio da noite adentrou a janela do meu quarto, pude então perceber
tamanha solidão. Havia estado por horas, sentado na cadeira debruçado na mesa
por cima de livros e recortes de jornal. Buscando desesperadamente por uma
ideia que descrevesse o real aspecto da minha incapacidade emocional. A mesma
sensação fria de antes perturbava a minha estadia, tomando meu corpo, uma
auréola gelada envolvia-me. Levantei para tentar observar de onde vinha uma
música fina que trinava nos meus ouvidos – talvez estivesse marcada na memória.
O cansaço do meu corpo vencia-me muito rapidamente, e em nada que eu me pusesse
a pensar distraia-me a atenção do meu estado seco e, sem inspiração. Um caos
implantado dentro da minha cabeça. Essa sensação de inutilidade, esse
desconforto emocional. Anônimo na vida, um conto persistente de uma
racionalidade que não encontra razão no consciente. Tudo a minha volta
definhando. E esse abismo de todas as coisas é o sossego.
®
Thiago França Bento.
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