O
espelho do banheiro totalmente embaçado pela fumaça do banho quente, que
acabara de tomar. Ele demorou a perceber a sua imagem destorcida, que estava
refletia no espelho. Demorou ainda mais para perceber, que alguém refletia no
espelho. Leve piscada com os olhos, não estava entendendo, de repente pensou,
que nunca tinha entendido nada. Permanecendo ali – parado – fitando o buraco
fundo, que por um momento o espelho tivera se transformado, que refletindo sua
imagem, não suportava o fato de não se reconhecer. Os traços ainda permanecem
sendo os mesmos, só não sabia em quem se tornou. Entendera em um súbito
pensamento invasivo, que passara por sua mente, o quanto sua vida estaria
embaçada, assim como o espelho. Não sabe ser, e não sabendo ser, deixa de ser o
que vive sendo. O peso úmido do silêncio o envolveu, o silêncio pesando suave
na pele nua, como um poema suado, permanece no silêncio com sua pele úmida.
®
Thiago França Bento/2015.
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