Vez
e outra o vento sussurra palavras em meus ouvidos. A palavra parece carecer de
ser ouvida. Parece querer ser – ser o que ainda não é. Palavra cumprida. Trem
que não tem destino certo. Só palavra sem ponto – vírgula só de vez em quando. Tudo
está às claras – eu sei. E de um amoroso verso de mim, entre eu e a palavra
está à vida. Procuro consolida-la. E pondo em conta que o que eu tenho é só a
intenção. Palavra é como revelação. Nasce sem se saber de onde. Meu pensamento
que também se certifica, o sol nasce á palavra cresce – brota também. Num dia
em que o sol radiava raios cumpridos, de um resplendor que dava é gosto de
perceber, eu estava sumido pelo campo – lá entre as rosas – pela beira do
riacho caminhando. Fui surpreendido. Primeiro tudo foi se esclarecendo. O céu
foi tomado por um brilho intenso, brilho que eu ainda não havia visto. As
árvores pareciam sorrir. Tudo ganhando outro compasso. Outra métrica – forma
mesmo. Eis ela, a palavra, ligeira e cheia de mistérios, parecia querer conversar.
Revelara-se para mim pela primeira vez. Um êxtase sem comparação. E a palavra
tomando conta de mim por completo. Amei logo este campo da revelação. A palavra
era agora uma aliada minha – filha mesmo. E sem invocações ela era livre dentro
de mim. Ela sorria para mim – era quente – muito valiosa. Eu saberia logo, que
cercado por palavras não carecia de mais nada desta vida. O meu amor. Tocha de
fogo reluzente, que clareando tudo, dava gosto de viver. Este amor fresco de um
brilho de ouro pusera em mim uma sensibilidade nova. Uma vida nova. Eu não via
nunca a noite chegar, o céu estava sempre às claras. Sempre novo. Reluzindo
vida e, muito amor. A palavra perfuma os pensamentos, é toda conjuntura da
intelectualidade. Ela é à força do enredo. Na história é todo o sentido, o
começo meio e o fim. É a que da forma. Visto que é ela que te escolhe. Brado
triunfantemente para quem quiser ouvir: palavra é para se sentir.
®
Thiago França Bento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário