Então
seguindo peregrino e desesperado eu ainda mantenho as lágrimas da fé. Meu
coração não aprendeu a ser o alvo. Meu coração tem sido medonho quando o corpo
se entristece. Da cama, ergui-me trêmulo e sem controle. Minha vida que se
diga, o frio do silêncio tomou conta de mim, como se toda realidade fosse um
perigo constante. Eu tive que tragar a realidade antes que ela me convencesse.
E então eu era o que sou preso a essa carne aparentemente sólida. Eu sou o
lírico das manhãs. O cinzento do dia, a parte despercebida do humano. Num dia
de inverno, numa hora mansa da madrugada, com o pensamento deslocado eu
simplesmente não era nada. A sensação tornara-se absurda. Desesperadamente
muda. Abstrata. Minha alma atordoada perdeu o brilho. E então eu sou o
pensamento, o mesmo pensamento de sempre. A cena muda de outrora, o tempo
criado embaixo dos meus olhos. Que suprema revelação! Eu sou o pensamento que
se tornara para sempre pálido e, muito confuso. O céu adormece em mistérios
ocultos, e tentar decifrá-los é ter com ele um grande e, profundo desgosto.
®
Thiago França Bento.
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