Era
uma cena que se transformava. As vozes frescas evocavam sete palavras de amor:
(perdoe-me a confusão, mas não se sabe ao certo se eram palavras de amor),
amizade, memória, viagem, água, sono, medo e festa. As palavras entrelaçavam-se,
aconchegavam-se. O quarto onde existia uma mesa e sobre a mesa um jarro com
três rosas; amarela, vermelha e branca, as cores se misturavam, remetia uma
sensação de prazer absoluto. Se bem alembro Nosso Senhor Jesus Cristo mais uma
vez crucificado, enfeitava a parede ao lado de um quadro, velho quadro, do
homem sem camisa, que fitava o nada. Um deserto atravessado, tudo cabia dentro
daquele quarto. Longas ruas, praças, velhos e crianças. Eu estava parado,
amedrontado de tal forma que o suor escorria pelo meu corpo. O peso do mar
sobre meus frágeis ombros. Sentia-me menino outra vez, e era como se toda a
minha vida estivesse ali. Despertado – Isto me parece uma grande tolice. O ar
morno que percorria pelo quarto, vinha de um braseiro de lata, que emanava uma
luz fraca, luz tremula. Um arrepio espiritual, mas minha carne defrontara com a
sensação desconhecida de todo o ambiente. Que episódio breve, muitos homens e
mulheres. Entregues, despidos da moral, tudo um carnaval de ideologias. Essa
base indeterminável. A sanguessuga consciência: dormir é para quem tem calma.
®
Thiago França Bento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário